Não
por acaso, mas sim muito bem arquitetada pela natureza, chega pelo frescor do perfume das primeiras flores, a bem-vinda estação da Primavera! É tempo
de florescer, tempo de renovar a esperança e abrir o coração para as cores e
luzes que inevitavelmente alcançarão nossos olhos e corações. Respire fundo,
sorria por um instante, deixe a vida brotar de novo, e renasça feliz...
Observe
o movimento natural da vida ao redor, entregue-se e integre-se a ela. Sejam
seus pensamentos como folhas ao vento e suas ideias, flores a desabrochar e a anunciar
novos frutos. Então comece sorrindo, cantando e meditando nas poéticas palavras de
Cecília Meireles:
“Mas é certo que a
primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se
enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez,
nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que
desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem,
deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros
hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo
aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há
primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos
passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que
andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus
sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos;
e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra.
Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do
perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.”
E assim desejo a mais linda das Primaveras a vocês!
Namastê!
Marise Armondes
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
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